Transumanos: você está preparado?
Qual será o impacto no mercado de trabalho e na sociedade ?
Observamos os avanços da tecnologia todos os dias. É possível perceber o quanto nossa vida é diferente do que era há dez, quinze ou vinte anos. Muitas novidades apareceram, facilitando as atividades em várias áreas, graças a ferramentas tecnológicas e à inteligência artificial. E esse progresso está chegando ao corpo humano. Você já ouviu falar em transumanos? Conheça esse tema no artigo a seguir.
O que é o transumanismo?
Trata-se do conceito de aumentar ou superar a capacidade do corpo humano com a tecnologia. Essa ideia já vem sendo praticada há muito tempo: qualquer instrumento fabricado e utilizado para facilitar a vida aumenta ou supera a capacidade do ser humano. Seja esse instrumento uma ferramenta rústica de pedra lascada usada pelos homens pré-históricos – que os ajudava a caçar e obter alimento – até os óculos de grau que usamos hoje, que nos ajudam a enxergar melhor por conta de uma deficiência do nosso corpo.
E qual a diferença do que já existe hoje para o transumanismo?
Como já dissemos, a tecnologia avança a passos largos e com rapidez, e o uso dessa tecnologia para aprimorar o corpo humano – inclusive a inteligência artificial – coloca o conceito de transumanismo em um ponto à frente do que já temos atualmente.
Um transumano seria, então, uma pessoa biomodificada, isto é, com alguma mudança biológica, cujo resultado é a otimização das ações. Um exemplo é o atleta sul-africano Oscar Pistorius, o primeiro a competir com próteses de fibra de carbono. Essas próteses conferiam a ele um rendimento similar ao dos atletas não deficientes, e Pistorius competiu simultaneamente com atletas deficientes e não deficientes. A ferramenta tecnológica (as próteses) potencializou seu corpo.
Então se trata de substituir algo que falta no corpo humano por um aparato tecnológico?
A resposta é: também. Porque o transumanismo pretende mais do que fornecer uma parte que falta ou auxiliar um órgão que funciona parcialmente, como no caso dos óculos.
Trata-se de substituir algo que já funciona perfeitamente bem por algo que faça mais do que é biologicamente possível. E isso é pensado também por causa da neuroplasticidade, a capacidade que os neurônios têm de se adaptarem a novas circunstâncias, informações e estímulos, fazendo novas conexões e reconfigurando o funcionamento do corpo e da mente.
Detalhando: o que captamos por meio dos sentidos é transmitido por impulsos elétricos para o cérebro, que processa os estímulos sensoriais, gerando informação: o que nossos olhos veem, o que a audição escuta, e assim por diante.
Como esses impulsos elétricos são basicamente os mesmos – a informação processada é que é diferente –, a tecnologia poderia ser a transmissora desses sinais elétricos, aprimorando essa mediação. Ora, por que não substituir nossos canais auditivos biológicos por outros tecnologicamente desenvolvidos, com maior capacidade de captação dos sons? Essa é a premissa do transumanismo.
A partir daí, é possível pensar em utilizar a inteligência artificial para otimizar processos mentais como a aprendizagem, a velocidade de cálculo e a transferência de informações pela mente.
Claro que esse processo, que já está acontecendo, suscita debates sobre ética e direito, além de levar a discussões filosóficas sobre os limites da tecnologia em relação à biologia e genética.
Até porque, como todas as mudanças, o impacto sobre a sociedade, a economia e as relações interpessoais, entre outras coisas, é grande. Porém, as mudanças acontecem, estejamos preparados para elas ou não.
Recentemente participei do evento Welcome Tomorrow e conheci em um debate Paula Pfeifer, que era surda alguns anos atrás e hoje é uma transhumana, tem dois ouvidos biônicos (implantes cocleares).
O transumanismo pode parecer tema de filme futurista de ficção científica, mas já é algo que está acontecendo e, ao ler este texto, o tema torna-se realidade para você também.
Poderíamos pensar que os transumanos seriam fruto do futuro. E são! O futuro já chegou, é o nosso atual espaço-tempo, e é chegada a hora de se informar e refletir sobre isso. Você está preparado?